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Erros Comuns em Currículos e Como Evitá-los: o que não dizer quando quer ser escolhido

Há quem trate o currículo como um ritual burocrático — um documento-formatado-em-Europass-porque-sim, redigido às pressas, copiado de um modelo genérico e enviado em série. Como se a quantidade compensasse a ausência de precisão. Como se o recrutamento fosse um jogo de sorte e não um processo de escolha mútua.

Mas o mercado não perdoa amadorismos. Sobretudo em contextos de alta competitividade, em que o currículo continua a ser o primeiro filtro. Não é tudo, mas é a porta de entrada. E se estiver mal construído, essa porta nem chega a abrir-se.

Abaixo, listo os erros mais comuns que encontramos na CV.Experts — e que continuam a excluir candidatos com excelente potencial. Mais do que uma lista, este é um convite à revisão consciente da forma como nos apresentamos ao mercado.

1. Currículo genérico e descontextualizado

Enviar o mesmo CV para funções distintas é desperdiçar oportunidades. Cada posição tem exigências próprias, e o teu currículo deve ser um reflexo da tua adequação ao que a empresa procura — não um panfleto sobre “tudo o que fiz”.

Como evitar: adapta o CV a cada vaga. Revê o título profissional, reorganiza as experiências, destaca resultados relevantes para o cargo em questão. Personalizar não é inventar. É escolher com critério o que mostras.

2. Falta de foco no valor entregue

A maior parte dos currículos descreve tarefas. Poucos mostram impacto. Dizem “responsável por gerir equipas”, mas não dizem quantas pessoas, com que resultados, em que contexto. O leitor tem de adivinhar — e não vai.

Como evitar: substitui descrições vagas por indicadores concretos. Que resultados alcançaste? Que metas superaste? Quantas pessoas lideraste? Que poupanças ou crescimentos geraste? Um currículo não é um diário de funções: é uma síntese de contributos.

3. Erros ortográficos, gralhas e linguagem pobre

Sim, ainda acontece. Muito. E sim, é eliminatório. Não só demonstra falta de atenção ao detalhe, como passa uma imagem de desleixo — que nenhuma função profissional pode sustentar.

Como evitar: revê o texto várias vezes. Usa ferramentas de verificação linguística. Pede a alguém de confiança que leia. E nunca, nunca envies um CV feito à pressa.

4. Formatação desorganizada ou pouco legível

Um currículo com blocos densos de texto, fontes inconsistentes ou um design confuso não só cansa como dificulta a leitura. E quem recruta não tem tempo. Se não for fácil de ler, será fácil de ignorar.

Como evitar: usa uma estrutura clara, com títulos bem definidos, espaços em branco, e hierarquia visual. O design deve servir a leitura, não competir com ela.

5. Experiência cronológica mal apresentada

Currículos que não seguem uma ordem lógica — por exemplo, listam empregos antigos antes dos mais recentes — ou que deixam intervalos temporais mal explicados criam dúvidas. E dúvidas são bandeiras vermelhas.

Como evitar: apresenta a experiência profissional da mais recente para a mais antiga. Explica intervalos com honestidade e estratégia. Parar para cuidar de um familiar, estudar ou empreender não são falhas: são escolhas que podem revelar competências.

6. Falta de palavras-chave relevantes

Muitas empresas usam software de triagem automática (ATS). Se o teu currículo não inclui termos alinhados com a descrição da vaga, pode nunca ser lido por uma pessoa.

Como evitar: lê atentamente os anúncios e incorpora as palavras-chave técnicas, comportamentais e sectoriais. Sem exagerar. E sempre com veracidade.

7. Informação irrelevante ou desactualizada

Incluir formações desnecessárias, experiências irrelevantes ou contactos que já não funcionam é um desperdício de espaço — e de atenção.

Como evitar: actualiza o currículo regularmente. Remove o que não acrescenta valor à tua candidatura. Menos é mais, quando o menos é certeiro.

8. Falta de alinhamento com o LinkedIn

Currículos e perfis LinkedIn que contam histórias diferentes criam desconfiança. Coerência é credibilidade.

Como evitar: assegura que datas, cargos e trajectórias estão alinhadas. O estilo pode diferir, mas a substância tem de coincidir.

Conclusão: o currículo não é um documento — é uma decisão

Cada parágrafo do teu CV deve responder a uma pergunta simples: por que devo ser escolhido? Se não responde, se não acrescenta, se não te representa — não serve.

Na CV.Experts, acreditamos que um bom currículo não vende. Convence. E convence porque traduz quem és, o que sabes fazer e o valor que entregas — com clareza, rigor e intencionalidade.

Quem recruta está à procura de sinais. De provas. De gente que se posiciona com maturidade. Não envies um currículo como quem atira uma garrafa ao mar. Redige-o como quem bate à porta certa.

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